O imigrante e a imigração - Reflexões

O imigrante e a imigração - Reflexões

“Migrar: mover-se de uma região a outra; sair em busca do sonho, da prosperidade, de alternativas ou, na falta de todos eles, partir. O migrante é necessariamente alguém partido: uma vida permanece em sua origem, outra se lança num novo destino, incompleta. [...] O Estado de São Paulo é um destino de migrações. Cresceu desde o período pré-colonial, com o entroncamento de culturas diversas. Essa diversidade é o que nos faz iguais em nossas diferenças” – excerto retirado do Museu da Imigração, em São Paulo.

O imigrante é o indivíduo que desloca-se de seu país ou região, para outro local, motivado principalmente por obter melhores condições de vida. Dia 25 de Junho, no Brasil, é comemorado o Dia do Imigrante, e precisamos trazer algumas questões à tona.

Antes de mais nada, é importante ressaltar que a imigração não é (nem um pouco!) recente, mas sim muito antiga: há milhares de anos atrás, remontando a povos mesopotâmicos e egípcios, já existiam pessoas que deixam suas casas e viajam muitos quilômetros para outras regiões, a fim de encontrar uma vida mais agradável - a imigração é um fator histórico.

A Imigração para o Brasil – contexto histórico, porquês e reflexões

Após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, novas expedições foram organizadas para trazer colonos até aqui. Obs.: a chegada dos colonizadores não configura imigração, pois esses vieram com o intuito de povoar a terra, formar colônias e estender a força do domínio português além dos mares.

Obs. 2: os escravos foram trazidos à força, portanto, jamais poderiam ser considerados imigrantes. Caso queira saber um pouco mais sobre a abolição da escravatura, clique aqui.

Pouco tempo depois começam a surgir os primeiros imigrantes vindos do reino de Portugal. A imigração de outros povos para o Brasil, que não os portugueses, começa principalmente em 1808, com a abertura dos portos. Até então, a esmagadora maioria dos habitantes era de origem lusitana e africana. Foi a partir dessa data que começaram a vir imigrantes, como os chineses de Macau (a fim de estabelecer o cultivo de chá) e os suíços e alemães, para o Rio de Janeiro.

Após a independência do Brasil, em 1822, surge uma crise ideológica nas classes políticas e na nobreza, bem como nos grandes proprietários de terra, afinal: “quem é o brasileiro?”, “qual é a cara desse povo?”.

A abolição do tráfico negreiro, em 1850, e do regime escravocrata, em 1888, fizeram a coroa portuguesa repensar ainda mais a mão de obra e ver importância em atrair imigrantes – era necessário trabalhadores, de preferência europeus, brancos, para desenvolver sobretudo a agricultura e a produção.

“A crise do sistema escravocrata colocou a questão da mão de obra no centro das atenções, no mesmo momento em que se pretendia definir quem era o brasileiro, e que embranquecê-lo era questão de ordem” - excerto retirado de um painel informativo no Museu da Imigração, em São Paulo.

Essa ideia imperialista de necessidade a ser suprida, é, por vezes, a noção de imigração que muitos de nós temos até hoje, tanto a nível político quanto social: “o que essas pessoas podem fazer por nós?” ou “o que causarão em nosso país?”. É uma preocupação econômica, com si próprio, para depois, por fim, talvez pensar nas causas da imigração. 

Será que, assim como Marx previu no século 19, as relações entre seres humanos foram transformadas em mercadorias? O interesse no outro é válido apenas na medida em que ele me rende algo? Como tratas aquele que não pode lhe trazer benefício algum?

Se colocar na posição de outra pessoa pode ser um exercício um tanto quanto interessante: como é que você gostaria de ser recebido, caso migrasse para outro país, com cultura e idioma diferentes do seu? Você gostaria de ser recebido por si mesmo? Pense a respeito. De verdade, imagine-se nesta situação.

Espero que Marx esteja errado, e que o que há de mais humano no Homem ainda exista: a Fraternidade. O ser humano é vivo, portanto, façamos da vida algo extraordinário, vivamos para que todos possam vivê-la da melhor maneira possível.

Não podemos saber exatamente o que faz cada um deixar o seu país de origem e sair rumo a uma nova vida, mas podemos tentar fazer com que a vida aqui seja mais agradável do que aquela que o viajante deixou para trás. Se o imigrante é alguém partido, deixemos que se completem novamente, criando pontes, e não muros.

Para finalizar, você que mora em São Paulo, já visitou o Museu da Imigração? Trata-se de um local que remonta a vida do imigrante em épocas passadas.

É possível encontrar nomes, itens usados na época (alguns que muitos hoje nem entenderiam para que servem), fotos, documentos, cartas, curiosidades e muita informação, além de um ambiente agradável e colhedor. Dica: aos sábados, a entrada é gratuita!

Texto escrito por Mateus Zampieri, 22 anos, redator publicitário, voluntário da FCG e estudante de Filosofia.

Fique com algumas fotos do local:
Foto 1: Entrada do museu, localizado próximo a estação Bresser Mooca, linha vermelha do metrô.
Foto 2: Largo São Bento, em 1943.
Foto 3: Espátula de abrir cartas.
Foto 4: Projetor de filmes.
Foto 5: Vários itens reunidos, com beliches que simulam os utilizados tempos atrás.

Entrada do museu, localizado próximo a estação Bresser Mooca, linha vermelha do metrô.
Largo São Bento, em 1943.
Espátula de abrir cartas.
Projetor de filmes.
Vários itens reunidos, com beliches que simulam os utilizados tempos atrás.

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