Ser feliz ou ter razão? O poder da Comunicação Não-Violenta

Ser feliz ou ter razão? O poder da Comunicação Não-Violenta

Quem nunca acabou se exaltando com o outro em uma discussão?

Proposta na década de 60 por Marshall Rosenberg, a Comunicação Não-Violenta, é um método criado para aperfeiçoar os relacionamentos interpessoais e diminuir a violência verbal ao se comunicar; tudo através da compaixão/empatia e da consideração do todo.

A CNV tem por estrutura quatro componentes:

  1. Observação: Relatamos os fatos, sem julgar o outro;
  2. Sentimento: Identificamos as emoções em relação ao que observamos da situação;
  3. Necessidade: Expomos qual a necessidade por trás do sentimento na hora do fato. Quando não atendida, a necessidade pode gerar sentimentos e emoções negativas;
  4. Pedido: Realizamos um pedido à pessoa, o que gostaríamos que fizesse.

Vejamos a seguir, um exemplo de uma situação conflituosa entre mãe, filha e como aplicamos a CNV. Fique atento ao formato de cada discurso:

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A senhora pode contar para nós o que houve, sem julgamentos?

‘’Eu cheguei em casa e a pia estava até o ‘’teto’’ de louça para lavar, sendo que eu havia pedido à Marcinha que lavasse depois que chegasse do colégio, e ao invés de me obedecer, ela passou o dia todo na casa da amiga.

Lavei toda a louça para começar a fazer comida e isso me atrasou para fazer as outras coisas. Quando ela chegou, eu a questionei e acabamos nos desentendendo. Estamos alguns dias sem se falar.’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Eu cheguei em casa, a louça estava suja e a Marcinha estava na casa da amiga. Lavei toda a louça para começar a fazer comida e isso me atrasou para fazer as outras coisas. Quando ela chegou, eu a questionei e acabamos nos desentendendo. Estamos alguns dias sem se falar.’’

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Qual foi seu sentimento na hora?

‘’Eu senti minha autoridade desrespeitada.’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Eu fiquei com raiva, pois trabalho o dia todo e chego cansada. Preciso que a louça seja lavada para que eu possa fazer o jantar e a marmita.’’

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Qual foi a necessidade não atendida?

‘’A necessidade de ser respeitada. Se ela me obedecesse, eu poderia fazer a comida mais depressa. Assim, consigo ter um tempo maior de descanso.’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Marcinha, eu tenho a necessidade de poder confiar que nossos acordos serão cumpridos. Eu te pedi para lavar a louça quando você chegasse da escola, pois com a louça lavada, consigo fazer a comida mais depressa e ajeitar a casa. É um trabalho a menos pra mim e consigo ter um tempo maior de descanso.’’

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O que você gostaria que a Marcinha fizesse para isso não ocorrer mais?

‘’Marcinha? Eu só quero que você me obedeça, pois eu sou sua mãe!’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Marcinha? Você pode lavar a louça depois que chegar da escola, assim, quando eu chegar do trabalho, consigo fazer a comida mais rápido e adiantar alguns serviços de casa. Você pode me ajudar nisso?

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Agora vejamos o outro lado da história:

Marcinha, conte para nós o que houve, sem julgamentos?

‘’Eu simplesmente não pude lavar a louça, porque minha amiga passou mal e precisava de alguém para acompanhá-la ao hospital. Como ela estava sozinha em casa, me ligou desesperada pedindo ajuda.

Eu cheguei em casa, e a minha mãe nem me deixou falar o que aconteceu. Eu nem tentei explicar, porque ela já veio tirando satisfação. Nós discutimos e estamos sem se falar.’’

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Qual foi seu sentimento na hora?

‘’Eu fiquei com raiva, porque ela sempre me interrompe e não deixa eu terminar minha explicação.’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Eu fiquei com raiva, porque a minha mãe não me deixou explicar o que aconteceu.’’

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Qual foi a necessidade não atendida?

‘’Que ela me escutasse primeiro.’’

Com a CNV, esse discurso fica assim:

‘’Mãe, eu tenho a necessidade de expressar a minha versão e ser escutada. A senhora poderia ouvir minha versão da história primeiro, antes de tirar satisfação comigo?’’

Você viu? A CNV aplicada, evita muitos conflitos desnecessários. Nem sempre é fácil ouvir o outro e ter ao mesmo tempo empatia e consequentemente compaixão. Lembrando que não existe compaixão sem empatia! A compaixão é descrita como uma empatia + ação, ou seja, é a intenção de que algo mude + a ação.

Seja feliz e deixe sua razão de lado!
Seja a resposta!

Escrito por: Paulo Gustavo Alves, 22 anos, voluntário da FCG, formado em Publicidade e Propaganda e atua profissionalmente como redator.

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